sábado, 20 de outubro de 2012

Foi assim a minha chegada ao teu recanto


"Deixa eu dizer que te amo
Deixa eu pensar em você
Isso me acalma, me acolhe a alma
Isso me ajuda a viver..."


Marisa Monte/Carlinhos Brown





Eu me esgueirei, sem nem saber que andava.
Caminhei, sem notar que me estendia.
O meu corpo converteu-se em finos ramos
e atravessou minúsculos espaços,
jamais abertos ao olhar desatento.


Virei brisa à garganta da janela,
mas não sei ao certo quando entrei...


Só percebi as emoções entreabertas
despontando em cores promissoras,
em cada canto de uma sala de braços quentes,
empenhados em receber qualquer lamento
que, porventura, caísse da minha alma.


Carícias exatas refizeram
lentamente a minha pele descoberta.
E a forma dos meus seios maduros
logo transpôs a superfície
fosca e simples que me guardava.


Foi assim a minha chegada ao teu recanto.
E hoje eu sei que habito em ti.
Mas a morada, meu amor, é refletida.
Também me entraste pelos poros,
assumiste os cantos do meu peito
e viraste um habitante em mim.



Poema: Elaine Regina
Imagem: autor desconhecido



© Todos os direitos reservados - registrado no EDA/Fundação Biblioteca Nacional

2 comentários:

  1. O amor é sempre inesperado. Ele apenas acontece e é independente da nossa vontade. E, quando o percebemos, já o vemos instalado em tudo o que é nosso. Depois, nem sequer sabemos explicar por que amamos...
    Adorei o poema, do princípio ao fim. É excelente.
    Elaine, querida amiga, tem um bom domingo.
    Beijo.

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  2. Lindo seu poema. Acredito que a essência do amor é justamente essa homogeneidade, sem ela tudo se define em simples e superficial paixão.

    Olá, vlw por me avisar, nem tinha percebido esse erro, comi letra e nem me dei conta disso.

    Abraços

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