sábado, 27 de setembro de 2014

Recinto







Entrei num recinto silencioso...
As paredes não me diziam muita coisa,
e muito pouco o meu tato revelava.

No final da linha trêmula de passos,
vi nascer a sala reservada,
cuja beleza eu não previa e
que em mais nada no mundo se repete.

Permaneci estupefata naquele vão
— era a sala quieta do teu peito,
os afastados cantos do sentir profundo.

Estupefata, porque eu vi ali postado
um amor infinito, dentro do limitado,
sapateando nas dimensões do mundo...


Poema: Elaine Regina
Imagem: Lucas Cavalhiro


© Todos os direitos reservados – registrado no Escritório de Direitos Autorais/Fundação Biblioteca Nacional
 

6 comentários:

  1. Que bela imagem soubeste criar sobre o privilégio de se conhecer o amor infinito que habita o peito do ser amado... É pena que nem sempre tenhamos essa oportunidade e se, quando a temos, nos deparamos com um espaço vazio que nada nos diz ao tato e cujos passos tememos avançar com receio do que vamos ali encontrar. É belo descobrir esse espaço tão rico e nos ver ali aninhados, bem recebidos, fazendo parte de tão mágico tesouro.
    Um poema realmente transbordante de significados.
    Amiga, que belo significado tem o nosso nome! Confesso que não sabia deste precioso detalhe e fiquei feliz por me teres dado a oportunidade de conhecer.
    É pena que eu não tenha conseguido ser uma tocha, uma luz, ou um pequeno raio de luz na vida de quem tanto significou na minha e que por um longo tempo eu quis que fosse a luz que me guiasse ao longo dos caminhos. Hoje, se oportunidade eu tivesse de conhecer a verdadeira sala escondida naquele peito em que tantas vezes recostei a cabeça, talvez as lembranças não se fizessem tão doídas...
    Menina linda, deixo-te sorrisos, deixo-te estrelas, e meu carinho,
    Helena
    (http://helena.blogs.sapo.pt)

    ResponderExcluir
  2. Amiga, estive aqui dias atrás e "pensei" ter deixado um comentário agradecendo pelo lindo presente que me ofertaste, um poema de Florbela Espanca intitulado AMAR. Como não vi o comentário aqui registrado, faço-o novamente, e também trago para ti um presente de uma das poetisas que mais aprecio: Elizabeth Barrett Browning. O poema se intitula: AMO-TE e tem uma pequena história e qualquer dia destes faço uma postagem contando-a. Talvez quando a lembrança do momento estiver doendo menos...

    ***********************************************
    Amo-te quando em largo, alto e profundo
    Minh’alma alcança quando, transportada,
    Sente, alongando os olhos deste mundo,
    Os fins do Ser, a Graça entressonhada.

    Amo-te em cada dia, hora e segundo:
    À luz do sol, na noite sossegada.
    E é tão pura a paixão de que me inundo
    Quanto o pudor dos que não pedem nada.

    Amo-te com o doer das velhas penas;
    Com sorrisos, com lágrimas de prece,
    E a fé da minha infância, ingênua e forte.

    Amo-te até nas coisas mais pequenas.
    Por toda a vida. E, assim Deus o quisesse,
    Ainda mais te amarei depois da morte.
    ********************************************
    Sorrisos, estrelas, sempre, nos teus caminhos!
    Helena
    (http://helena.blogs.sapo.pt)


    ResponderExcluir
  3. Há peitos assim, que são a nossa sala, a nossa morada.
    Um poema excelente, gostei imenso.
    Tem um bom fim de semana, querida amiga Elaine.
    Beijo.

    ResponderExcluir
  4. Na escuridão da noite os mistérios devem ser descortinados quebrando o silêncio!
    Que tal se um piano, naquele momento pudesse ler as notas de "Sonata ao Luar"?

    Belas divagações!

    ResponderExcluir