sábado, 15 de setembro de 2012

Se o meu cansaço falasse








Se o meu cansaço falasse, os ouvidos da Terra (e os distantes da Terra) [morreriam. 
Tamanho seria o grito libertado.
Bom, talvez não houvesse, de fato, tantas mortes... e os ouvidos apenas
se deitassem resignados sobre a relva
(numa espécie de procissão estática)
para aguardar o final do monólogo monótono
(e interminável...)
do meu cansaço.
Bom, talvez isso também não acontecesse... e eu
tivesse que suportar sozinha
o meu cansaço a tagarelar exaustivamente e a retirar do anonimato
cada canto meu que permaneceu ajoelhado,
repleto de umidade e afastado da luz.


É...


Ainda bem que o meu cansaço não fala...






Poema: Elaine Regina

Imagem: autor desconhecido


© Todos os direitos reservados - registrado no EDA/Fundação Biblioteca Nacional

5 comentários:

  1. Não fala o cansaço, mas fala a tua voz poética, que é maravilhosa e encanta.
    Gostei muito do teu poema, é magnífico.
    Elaine, querida amiga, tem um bom fim de semana.
    Beijo.

    ResponderExcluir
  2. Aff, estava lendo Alvaro de Campos o poema O que há... E o seu post me lembrou muito dele.
    Foi um prazer ler as tuas palavras. Tenha um belo final de semana.

    ResponderExcluir
  3. Lá naquele canto existe luz. Sobre a luz existe uma menina que tagarela. Esta algaravia segue numa fileira, assim como uma procissão à procura de uma morte bela; mas gritos arfantes sobre a Terra chegam aos nossos ouvidos; serão refletidos, mais tarde, num sono profundo!

    ResponderExcluir
  4. Agradeço-lhe, profundamente por ter me aceitado em sua página. Fico sempre feliz quando conquisto uma nova amizade. Isso faz bem ao coração.
    Ah, minha Amiga! Realmente quando entro uma página, procuro vivenciar cada palavra lida. Improvisadamente tento redigir ideias que entrem na ideia do autor, como aconteceu quando li seu belo texto!
    Obrigado pela sua a atenção!
    Continue assim, escreva sempre, sempre, viu? rsrs

    ResponderExcluir
  5. A cada leitura procuro vivenciar as ideias do autor. Não raro, procuro nos elementos escritos a profundidade necessária, pois ele, - o autor -, colocou ali, relatos de suas experiências.
    Quando me proponho produzir uma nota, acho muito interessante não fazê-la como um simples comentário, mas tentar interagir nos pensamentos lidos.
    Valorizo muito, os grandes amigos do coração, assim como você!
    Tê-la como amiga me faz muito bem. Assim, a medida do possível poderemos somar grandes conhecimentos, inclusive poéticos!
    Gratidão por palavras belas!
    Beijos!...

    ResponderExcluir