sábado, 23 de fevereiro de 2013

Lanço-me abruptamente aos teus braços








Lanço-me abruptamente aos teus braços.
E o teu colo de rocha inabalável
– visando a permanência do meu conforto –
se desfaz em areia tênue e atribui
a cada curva constante do meu corpo
outra curva de inconstância fina e leve.


Sabes que sou uma onda imprevisível
a acompanhar os limites redesenhados,
que se expandem e se contraem conforme ordena
o pulsar irregular das sensações.


Entre nós não há pontes factíveis.
Mas nos amamos tão verdadeiramente
que o oceano se compadece:
abre os braços e nos une,
feito um firme, um imenso continente.



Poema: Elaine Regina
Imagem: autor desconhecido


© Todos os direitos reservados - registrado no EDA/Fundação Biblioteca Nacional

4 comentários:

  1. Um poema de movimento, de curvas, de abraços, em que o mar se transmuta em continente.
    Adorei estas suas palavras.
    Até à próxima.

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  2. Muito bonito.

    É da natureza - parece-me que mais da feminina, mas não só - essa imprevisibilidade, esses limites que se contraem e se expandem... mas quando o amor acontece, é assim que o mar procede.

    bjos

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  3. Ondas e ondas que nos levam a uma união infinita!
    Belíssimo!
    Beijos!...

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  4. Excelente.
    Este também será um dos teus melhores poemas, ao lado de muitos...
    Elaine, querida amiga, tem um bom fim de semana.
    Beijo.

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